sábado, 26 de fevereiro de 2011

0 DESABAFO DE UMA DESIGN DE INTERIORES

O que faz um profissional da área de Design de interior?


O que é um projeto de design de interior?

Como funciona?

É a arte de planejar e arranjar ambientes de acordo com padrões de estética e funcionalidade. O profissional harmoniza, em um determinado espaço, móveis, objetos e acessórios, como cortinas e tapetes, procurando conciliar conforto, praticidade e beleza. Planeja cores, materiais, acabamentos e iluminação, utilizando tudo de acordo com o ambiente e adequando o projeto às necessidades, ao gosto e à disponibilidade financeira do cliente. Administra o projeto de decoração, estabelece cronogramas, fixa prazos, define orçamentos e coordena o trabalho de marceneiros, pintores e eletricistas. Pode projetar salas comerciais, residências ou espaços em locais públicos. Esse profissional costuma trabalhar como autônomo, mas pode atuar também como funcionário de empresas especializadas em decoração e design de interiores ou, ainda, como consultor em lojas de móveis.
Uma das coisas mais difíceis para nós profissionais da área de design conseguir tirar fotos dos ambientes em casa de clientes, isso por vários motivos como: você precisa da autorização do cliente e normalmente a casa está funcionando então está tudo fora do lugar.
Mas, o que é muito comum e que me deixa realmente maluca e triste é que no final da obra o ambiente está completamente diferente do que foi projetado.
Vou descrever como é o meu trabalho para vocês verem se há lógica nessa situação.
O primeiro contato é feito por telefone onde o futuro cliente me dá uma rápida descrição de suas necessidades. Marcamos um horário no local do imóvel que será reformado ou na casa que está sendo construída para que eu possa avaliar o imóvel e conhecer pessoalmente tanto o imóvel quanto os futuros clientes.
No dia marcado para essa avaliação (orçamento) conversamos bastante, tiramos algumas dúvidas. Eu falo como é o meu trabalho, explico sobre os prazos, e o cliente fala um pouco sobre os seus desejos e suas necessidades (segundo contato).
Tudo acertado e conversado eu envio por email uma proposta com preço e prazos (orçamento) no qual estão detalhado todos os itens que o futuro cliente citou que deseja e o que será feito no projeto. Caso falte algum detalhe peço ao cliente que entre em contato para que não fique nenhum item de fora ou nenhum mal entendido.
Ok. O cliente aceitou minha proposta, então elaboro o contrato e marco novamente outro dia, de preferência um dia em que temos tempo livre para conversarmos abertamente sobre tudo que a cliente e os familiares precisam. É importante que o cliente fale abertamente que tipo de material deseja, se quer tudo de luxo ou que economize o máximo que puder.
Um exemplo: Se ele quer um mármore importado, um nacional ou prefere uma cerâmica. Isso nos dá um parâmetro de quanto ele deseja gastar.
E não precisa se preocupar porque o preço do meu trabalho é igual para o cliente que quer gastar 100 mil, 50 mil ou 10 mil. Até porque o valor do projeto já foi apresentado.
Sugiro ao cliente que me envie fotos de coisas que eles gostam e não é para copiar, porque dessa forma o próprio cliente poderia fazer, mas para ter uma noção do que ele deseja e do que ele gosta.
Ia me esquecendo, pergunto também se existem móveis e peças que já existem que eles querem aproveitar. Claro que vocês não precisam comprar tudo novo, podemos e devemos aproveitar o máximo possível.
Contrato fechado, tudo explicado para ambas as partes e de posse das medidas do ambiente eu começo a trabalhar no anteprojeto.
Como eu trabalho no anteprojeto?
Estudo qual o melhor layout em planta-baixa (auto CAD) e escolho qual o melhor para fazer uma perspectiva em (3D- Sketchup). Nesta perspectiva eu tento humanizar da melhor forma possível para que a cliente visualize melhor no dia da apresentação.
As alterações no anteprojeto devem ser feitas antes do projeto-final, então eu deixo estas imagens em 3 D com o cliente para que ela e seus familiares possam discutir se gostaram ou não, e para que possam listar o que deve ser modificado.
De posse de todas as informações eu começo a trabalhar o projeto final, com as seguintes pranchas (desenhos):

- planta-baixa de layout (circulação e distribuição de mobiliário)

- planta-baixa (construir e demolir paredes);

- planta de tomadas e interruptores;

- planta de gesso;

- planta de iluminação;

- paginação de pisos e paredes;

-detalhamento de móveis;

- vistas e cortes com todos os detalhes necessários.

Todas essas plantas são entregues ao cliente para que a obra possa ser iniciada. Juntas elas levam em conta a combinação de cores, luzes, texturas e volumes de modo a alcançar unidade e equilíbrio. Todas são planejadas respeitando o estilo de vida e gosto do cliente.
Aconselho ao cliente que tire cópia do projeto e entregue as cópias aos profissionais que irão executar a obra.
Bom gente, tudo isso é para você verem como é o meu trabalho e entenderem um pouco o que é um projeto.
Tudo é bem planejado, para que o seu pedreiro, o seu gesseiro, o seu eletricista consiga executar tudo bem direitinho e para que o cliente tenha toda a garantia de que o resultado final ficará perfeito. Certo?
Não. Tudo errado. Pelo menos na prática não é o que acontece.
Por quê?
Um dos motivos é que alguns” profissionais” contratados pelo cliente não sabem “ler” projetos e dizem que sabem.
O segundo motivo é que cada profissional que entra na obra faz uma pequena mudança no projeto.
Vou dar um pequeno exemplo do projeto que acabei recentemente.Uma casa em construção, mas vou falar só sobre o banheiro do casal, porque se eu for falar do restante da residência é capaz de dar espaço para um livro.
Fiz todo o projeto de um grande banheiro, no qual o diferencial eram dois nichos de alvenaria (revestidos de pastilhas ou de granito), esses nichos eram nas laterais da bancada e entre os dois nichos era para ter um jardim seco.
Detalhe: Tanto os nichos quanto o jardim foram pedidos pela cliente, foram apresentadas no anteprojeto e foram aprovados pelos clientes.
Fui à obra duas vezes e conversei com os pedreiros sobre os nichos e enviei email para a cliente pedindo que mostrasse aos pedreiros a perspectivas para confirmar se eles haviam entendidos direito o projeto.
Volto à obra depois de um tempo para escolher as cores das tintas.
Ai que delícia ver tudo prontinho e ficar super orgulhosa do meu trabalho. Será?
Ué?! Cadê os nichos que estavam aqui?
Nenhuma resposta...
Já posso até adivinhar. Ou o pedreiro disse que aquilo era coisa de “decoradora” e que não ia dar certo e a cliente deixou passar ou ele fingiu que esqueceu e ficou por isso mesmo.
Ou seja, acabaram com o diferencial e o charme do banheiro. Isso sem contar que seria a parte funcional, onde seriam colocados cestos para roupas, toalhas e perfumes.
Mas não acabou por aí, porque cada “profissional” que passou por lá deixou a sua contribuição.
A bancada com duas cubas era enorme e tinha um desenho bem detalhado com duas alturas diferentes. Foi executado desta maneira?
Claro que não. Porque os orçamentos que eu fiz em marmorarias de confiança foram descartados e claro que foi feito na marmoraria mais barata e que não seguiu o projeto porque provavelmente achou melhor fazer do jeito deles ou sei lá o quê.
O gesso?
Também foi modificado pelo gesseiro que disse que fez na casa do “fulano de tal” e ficou lindo e convenceu a cliente que deveria mudar o gesso.
Resultado? Mudou o gesso, mudou a iluminação. Isso porque os pontos de iluminação eram direcionados e agora são todos indiretos em um corte no gesso.
E aposto que quando ela for fazer maquiagem vai falar mal e por a culpa toda em mim, não vai nem lembrar que o projeto foi modificado, que ela trocou a luz funcional por uma iluminação estética.
E os revestimentos e o piso que foram escolhidos juntos com a cliente na loja?
Foram comprados todos, com pequenas modificações para diminuir o orçamento. Legal né?
Ai que você se engana. A cliente foi fechar negócio e resolveu que deveria diminuir mais ainda o orçamento. Tudo bem o dinheiro é dela e tem toda razão em fazer isso.
Resultado: a vendedora modificou toda a paginação (desenho e disposição dos revestimentos).
Tá demorando né?
Calma! Ainda falta falar do pintor e do marceneiro.
Graças a Deus eu cheguei antes do pintor, porque fui lá escolher cores com a cliente.
O bendito queria fazer um marmoratto laranja no banheiro. Pode?
Não tinha nada de marmoratto no projeto, muito menos laranja.
E o marceneiro?
Claro que também deu a contribuição dele. Esse eu ainda não tive o “prazer “de ver porque ainda está em andamento a execução da marcenaria, mas a cliente já me informou que ele disse que ficaria ótimo assim e assado.
Eu pergunto:
- De quem é esse projeto?
De todos, menos meu.
E porque o cliente me pagou para fazer um projeto se iria fazer tudo que os outros falaram, isso sem contar nos pitacos de familiares e vizinhos.
E olha que estão previstas visitas à obra para esclarecimento e verificação da execução do projeto.
Então fica a dica se você contratou um profissional da área:
- Antes de fechar o contrato pergunte como o profissional de design ou arquiteto trabalha e o que está incluso no valor do projeto.
- Discuta tudo que você quer mudar antes do projeto executivo, ou seja, no anteprojeto e só autorize o projeto executivo quando tiver certeza que é isso que você deseja. E não se esqueça de ver com toda a família se é isso que todos querem.
- Contrate profissionais que saibam “ler” projetos e deixe bem claro que é para executar do jeito que está detalhado.
- Qualquer dúvida na execução entre em contato com o design ou arquiteto.
No seu contrato não está previsto visitas a obra?
Converse com o profissional que ele te informará se há necessidade de ele ir à obra para esclarecer certas dúvidas. Em alguns casos você consegue esclarecer por telefonema ou por email, em outros temos que ir ao local.
Eu especifico uma quantidade de visitas por projetos e estão já estão inclusas no valor do projeto, mas alguns profissionais trabalham de forma diferente e cobram por cada visita.
- Alguns profissionais não visitam lojas com o cliente para escolher materiais de acabamentos e móveis. Eles apenas especificam no memorial descritivo a escolha adequada de acabamentos e revestimentos e normalmente enviam o orçamento dos materiais e móveis para que você possa comprar.
Eu prefiro sair para escolher com a cliente, porque aí nós podemos ver ao vivo e a cores o que ela realmente gosta e também atende as finanças dele.
É claro que não podemos ir de loja em loja para ver o preço melhor. Normalmente vamos a duas ou três lojas e decidimos o que melhor atende ao projeto.
Nada impede que a cliente vá a outras lojas em outro dia a procura de preços melhores, contanto que fique atenta ao material escolhido. Muitas vezes o “parece” não tem nada a ver, geralmente o atrativo preço e promoção deixam as pessoas “cegas”.
Então é isso gente, desculpem pelo desabafo. É porque fico indignada com essas coisas.
Recebo muitos emails de pessoas dizendo que não tiveram sorte com profissionais de arquitetura e design. Mas será que foi seguido o projeto a risca?
Ou foram feitas alterações depois que o projeto estava pronto? Lembre-se que as modificações devem ser feitas na fase do anteprojeto e não no projeto. O projeto pronto não pode ser modificado, pois implica em mudar tudo, ou seja, é começar do zero um novo projeto.
Para se ter uma casa bonita, funcional, confortável  não é necessário ter grande poder aquisitivo e sim um bom planejamento.

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